terça-feira, 28 de setembro de 2021

A cidade que vejo

Imagens: Arquivo pessoal.


A centenária cidade que hoje festeja mais uma data já viu dias melhores e outros bem piores. Se ainda não é a ideal, já podemos respirar sensíveis ares de mudança, em uma escalada que se espera seja constante.

Os problemas que vivenciamos vêm de longe e permanecem, a exemplo da falta de organização territorial. Ruas, praças e avenidas são feitos como no início do povoamento, estreitas vias para tráfego de animais. Outro nó górdio é o transito, que só piora com o passar dos dias, enquanto se aguarda milagrosamente que a educação resolva, sem restrições aos delinquentes, como a punir quem anda corretamente.

Temos um centro que lentamente ganha forma e brilho e perde memória histórica. Os bairros por sua vez aguardam na fila para também receber praças, iluminação, urbanidade... civilização. A cidade não pode ser resumida a imagens da igreja, praças do centro e cachoeira. Tem vida pulsante nos bairros, na zona rural, igualmente apta a receber incentivos e melhorias.

São 101 anos de avanços e retrocessos. O empreendedorismo da população continua como principal responsável por fomentar o desenvolvimento da cidade. De cidade pequena e pacata a aspirante a polo comercial, administrativo e turístico, onde não se pode mais sentar à porta para conversar sem ser incomodado por aqueles que pedem um trocado para “um lanche”, que se sabe, compram drogas. O banho da beira rio aos finais de semana foi trocado pelas piscinas resplandecentes, que refrescam o ego e ardem os olhos com urina e outras impurezas. O sossego do lazer no final de semana foi substituído pela barulheira do som ensurdecedor e idiotizante dos carros. A modernidade nos deu lâmpadas de led nos postes e assalto nas ruas. Enfim, o progresso.

E tenho dito!

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Luzes, câmeras, flashes...

Imagem: Hubble telescope/Arquivo pessoal.

Foi preciso ficar centenária para que a cidade pudesse ser identificada visualmente, logo à entrada, por letreiro icônico e atrativo como em Monte Lee. E assim se cria a nova identidade visual e point de passatempo fotográfico, exuberante e emproado como a dizer: estou aqui!

Lembro-me bem, como se fosse hoje, das vezes em que viajantes com destino a Esperantina passavam direto e desapercebidos pela cidade, adentrando nas cidades vizinhas, por não saberem se localizar corretamente, por falta de um letreiro como este agora instalado. Quantas vezes encomendas com destino a esta cidade foram perdidas ou levados a outras, por falta desta inestimável benfeitoria que hora nos chega.

Uma cidade de várias crenças, fico imaginando um evangélico ou praticante de outras religiões todo pimpão registrando selfies frente ao letreiro, com a estátua da padroeira ao fundo. Até mesmo os que não abraçam religiões eternizando o proselitismo religioso do estado que seria laico. Adeus anonimato.

E tenho dito!

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

E o 7 de setembro?

Imagem:http://indo-e-vindo.blogspot.com

 

Passado o fulgor do sentimento patriótico, expresso fortemente pela plebe ao colocar uma bandeira na foto do perfil, resolvi interpretar a data e o desfile, visto que não li em lugar algum sequer uma nota de rodapé sobre a data, que não fosse paparicação.

Nos dias que antecederam o evento e mesmo na data a cena era a mesma: Ao longe se ouvia um barulho monótono, modorrento, quase um cortejo fúnebre, daqueles dos filmes da TV. Cadencia sonolenta, compassada e em intervalos quase regulares o som de uma corneta que ao ouvir a primeira vez, pensei que alguém esganava um galo.

As restrições impostas pelas autoridades durante a pandemia impedem aglomerações e o desfile não contou com as escolas e demais participantes usuais, mas o patriotismo passou longe. No máximo, o desfile serviu para registrar selfies para as redes sociais com os modelitos à la paquitas.

Talvez até tenha sido melhor assim, evitou o patriotismo cansado de outros anos, forçado pelos pontos a ganhar pela participação no evento.

E tenho dito!