segunda-feira, 13 de maio de 2024

A cidade sem pedestres

                                                                          Imagem: Arquivo pessoal.


Eis que a cidade futurística é tão prafrentex que já excluiu de suas ruas os indesejáveis pedestres. Iniciando na ponte sem espaço lateral, espalhando pelas vias estreitas e prosseguindo pelos expositores de mercadorias e estacionamento de motos, que os antigos chamavam de calçadas.

Calçadas estreitas, abarrotadas de mercadorias, motos, lama, buracos e outras bobagens são o cotidiano enfrentado pelos arcaicos cidadãos que ainda ousam aventurar caminhar pelas ruas da cidade. Que ousadia, tentar invadir as calçadas caminhando, tentando ocupar os espaços destinados às motos e placas de propaganda! Um acinte!

Ah, e o que dizer dos incautos que se aventuram na principal via da cidade, aquela que quando não está alagada, está esburacada. Sobre as calçadas: lama, óleo de oficinas, mato… se não tiver as pernas grandes para ultrapassar de uma só passada o aguaceiro, deve se aventurar até o meio dos quarteirões para conseguir passagem ao outro lado da via. Escapando de cair neste momento é quase certo que deslizará no lamaçal em que se converteram as sarjetas. Se resolver aventurar caminhando nas vias pavimentadas não demora e entrará nas estatísticas de acolhidos em estabelecimentos de saúde, colhido provavelmente por um dos tresloucados em seus bólidos veículos.

Certos estão aqueles que deixam as coisas com estão e se esbaldam no ar-condicionado, que se danem os questionadores. É mais cômodo deixar as publicidades invadir as vias. Onde já se viu, perder tempo com este tipo de gente que… caminha pelas ruas. Caminhar somente é permitido como atividade física na beira do rio, para atualizar as fofocas do dia e exibir o look comprado em 12 prestações.

No meio do caminho tinha uma moto, tinha uma moto no meio do caminho.

E tenho dito!

quarta-feira, 10 de abril de 2024

"Tudo como dantes no quartel de Abrantes"

Imagem: Disponível em redes sociais.


Após meses sem postar, resolvi aparecer. Como de praxe, não tenho elogios, deixo-os aos aspones. Me atenho a fatos que a – cof-cof – imprensa local “esquece”, entretidos que estão em merecer suas 30 moedas de prata. Seus tilintares não me agradam. Mas, pelo menos... Eu vou tomar um tacacá...

Ao fato: após anos de promessas, mandatos findos (felizmente) e outros em curso, o principal problema da cidade reapareceu a toda carga: a avenida/rio, formada em pleno centro da cidade. Palco de memoráveis festividades, outras nem tanto, a avenida Petrônio Portela sofre de mal crônico, a falta de zelo. Da população, que a utiliza como pista de corrida, depósito de lixo, estacionamento e também das sucessivas gestões, que vingam prometendo as galerias. Sim, as gloriosas e inatingíveis galerias.

Na data de hoje, memorável 10 de abril, chuva torrencial diluviana atormentou a vida de grande parte da cidade, daqueles que habitam a planície. A chuva torrencial em questão de minutos inundou casas, comércios e o que mais havia em seu curso. Perdas materiais, aborrecimentos, sujeira nas residencias e outros males. Tudo isso parece cena de décadas passadas, mas se repetiu hoje, reativando memórias de promessas não cumpridas. Mas, pelo menos... Eu vou tomar um tacacá...

Temos um cenário de servilismo que se repete pelas ruas e ecoa em locais que na prática, deveriam representar interesses outros, que não os seus. O desejo de agradar é maior que o de servir. Parte da população assiste boquiaberta aos fatos, se reclamam e compartilham iras nas redes sociais e depois... calam miseravelmente, subjugadas por promessas de obras paradisíacas e inatingíveis, mesmo desnecessárias, quando o básico fica relegado ao ostracismo. Mas, pelo menos... Eu vou tomar um tacacá...

Não há mais espaço para tantos “parabéns”, “congratulações”, “a cidade agora é outra”. Chega de palavras ocas. Estas o vento leva. Ação, senhores. Chega de se apequenar em troca de espólios. Criem coragem! Basta! Tudo tem limites e a submissão rasteira, o ato de engolir sapos não deveria ser vossas realidades. Honrem a confiança que lhes foi depositada. Toda ela foi na esperança de que fariam algo melhor que o que tinhamos no passado. A cidade não necessita de pinguins de geladeira, que apenas sugam o erário.


O trecho do hino “Território bendito e ordeiro,
[...]
De homens nobres de povo altaneiro,
De Mulheres formosas, gentis[...] faz menção a pessoas boas, não tolas (espero).

O que já foi realizado pensando em resolver a questão das águas na avenida? Nada. Todos os esforços e recursos se alinham em festividades frívolas, em detrimento de questões primordiais, estas, relegadas ao período eleitoral, como catapulta de mandatos. Mas, pelo menos... Eu vou tomar um tacacá...

E tenho dito!