quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Panoramas centenários - II

 

Imagem: Anel viário/Genilson Castro©

O anel viário da cidade de Esperantina, que veio como alternativa para melhorar o trânsito ao desviar o tráfego do centro da cidade, se transforma em lixão a céu aberto.

Visto como avanço urbanístico ao ser entregue à população, o anel viário, além da função de via normal de fluxo de veículos, se converteu em local para práticas esportivas, como caminhadas e ciclismo e ultimamente como depósito de lixo, das mais variadas espécies: lixo doméstico, material de demolição, aparelhos eletrônicos, animais mortos... não há gestão ou argumento que vença a ignorância deliberada e gratuita.

A população que tudo cobra do poder público mostra sua cara ao depositar lixo nas bordas da pista. Incautos já incendiaram o lixo, com grande risco do fogo se propagar pela mata no entorno, extremamente seca neste período do ano. Depois, o legal é culpar o governo que não protege o meio ambiente.

Tudo isso acontecendo em local amplamente conhecido, de grande trânsito e nada sendo feito. Não se combate a causa, tampouco os efeitos. E assim a cidade centenária segue, aguardando o dia em que será protegida, zelada e desenvolvida para o bem-estar de todos e não apenas em frases e vídeos lindinhos nas redes sociais.

E tenho dito!

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Panoramas centenários - I

Praça Lages Rebelo/Arquivo pessoal.

A mesma praça...

...o mesmo banco [...]

A melancolia da música serve perfeitamente como tema para a praça Lages Rebelo, no centro da cidade. 

A imagem da praça Lages Rebelo, que ilustra este texto retrata muito bem o município: parada no tempo, sem maiores atrativos e ignorada por muitos. Cenário de muitas brincadeiras na infância e outros tantos acontecimentos noturnos, hoje entregue ao ostracismo e relegada ao limbo da utilização como espaço de lazer. Apenas um espaço a ser vencido de um a outro quarteirão. 

Construída em 1975, tem um traçado estranho e pouco convidativo, até mesmo pela pouca cobertura vegetal. De minhas recordações da infância e comparando com o presente, vejo que pouca coisa mudou realmente neste espaço. 

Com o passar dos anos e das administrações a reforma desta praça não foi priorizada. Outras opções de lazer foram ofertadas à cidade e a “pracinha nova” ficou para trás. Desde então, as únicas mudanças vistas se não foram a natural substituição das árvores mortas foram as prosaicas pinturas de cal no meio-fio por ocasião dos festejos religiosos ou quando tinha visita de autoridades; um poste ridiculamente posicionado e uma risível tentativa de paisagismo. Bancos quebrados, plantas malcuidadas, grama seca, só pra ficar em alguns detalhes são parte da desolada paisagem atual. 

Mas não reclame. Do jeito que as coisas acontecem aqui, tivemos sorte de que ela não foi legalmente doada para outro fim. 

E tenho dito!

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O centenário de Esperantina


Minha Esperantina,
Que triste sina
O curral que te originou
Se antes enchia de gado
Hoje, prende eleitor.

Qual destino te aguarda...
Só as doces lembranças
Da História guardada
Ou a triste vivência
Da terra arrasada?

Que memórias mantém 
De seus fundadores?
Nem praça com flores
Porque não convém
Só lembram de quem
Por ti não tem amores
Apenas te querem
Pra rifar sem pudores.

Se por tuas ruas passaram
Pioneiros desbravadores
Hoje, triste sina
Só escuto rumores
Daqueles que querem
Te explorar sem clamores!

Agora, centenária te faz
Com pouco a mostrar
Quem sabe outros 100
Precise alcançar
Pra te livrar, Esperantina
Da pouca memória
De quem por dever
Prometeu sua glória!