Eis que a cidade futurística é tão prafrentex que já excluiu de suas ruas os indesejáveis pedestres. Iniciando na ponte sem espaço lateral, espalhando pelas vias estreitas e prosseguindo pelos expositores de mercadorias e estacionamento de motos, que os antigos chamavam de calçadas.
Calçadas estreitas, abarrotadas de mercadorias, motos, lama, buracos e outras bobagens são o cotidiano enfrentado pelos arcaicos cidadãos que ainda ousam aventurar caminhar pelas ruas da cidade. Que ousadia, tentar invadir as calçadas caminhando, tentando ocupar os espaços destinados às motos e placas de propaganda! Um acinte!
Ah, e o que dizer dos incautos que se aventuram na principal via da cidade, aquela que quando não está alagada, está esburacada. Sobre as calçadas: lama, óleo de oficinas, mato… se não tiver as pernas grandes para ultrapassar de uma só passada o aguaceiro, deve se aventurar até o meio dos quarteirões para conseguir passagem ao outro lado da via. Escapando de cair neste momento é quase certo que deslizará no lamaçal em que se converteram as sarjetas. Se resolver aventurar caminhando nas vias pavimentadas não demora e entrará nas estatísticas de acolhidos em estabelecimentos de saúde, colhido provavelmente por um dos tresloucados em seus bólidos veículos.
Certos estão aqueles que deixam as coisas com estão e se esbaldam no ar-condicionado, que se danem os questionadores. É mais cômodo deixar as publicidades invadir as vias. Onde já se viu, perder tempo com este tipo de gente que… caminha pelas ruas. Caminhar somente é permitido como atividade física na beira do rio, para atualizar as fofocas do dia e exibir o look comprado em 12 prestações.
No meio do caminho tinha uma moto, tinha uma moto no meio do caminho.
E tenho dito!